terça-feira, 23 de outubro de 2012

QUANDO FAZEMOS GREVE NA FÉ


Chega setembro e começa a campanha salarial. Dos correios, dos bancários, dos motoristas, e de qualquer um que não concorde com seu salário. Antes da greve existe um período de negociações, mas quando estas falham, surgem os cartazes: Estamos em greve. 
Fazemos greve para reivindicar direitos, melhorar as condições de trabalho, aumentar o salário ou apenas para matar tempo e tomar chimarrão no meio da rua. A verdade é que, de uma forma ou de outra, todo bom grevista quer negociar algo com o patrão. Fato curioso é que ninguém faz greve antes de conseguir o emprego. Um funcionário público, por exemplo, sabe quanto vai ganhar antes de fazer o concurso, pois o salário vem expresso no edital. Depois passa na prova, entra na empresa e... Faz greve. Greve? Isso mesmo. G-R-E-V-E.
Entendo a greve dos correios. Aceito a greve dos motoristas, e até já participei da greve dos bancários, mas não entendo como tanta gente está em greve para com Deus.
        _ É o seguinte, Senhor, eu te amei, mas ainda sou empregado.
Eu oro quase todo dia, isto é, quando lembro, mas continuo andando de ônibus.
Eu “pago” o dízimo quase todo mês, mas não saio do aluguel. Até vou ao culto, mas não consigo converter essas bênçãos em dinheiro, namoradas, carros, estatus, amigos, imóveis, etc. Dei dez pra igreja, e onde estão os meus cem? Assim não dá! Quero um aumento! Vamos negociar as condições da minha fé. Ir ao culto apenas para adorar a Jesus? Orar apenas pelo prazer de falar com Deus? Não ganho nada com isso.
          Ei, o amor de Deus não pode estar nas coisas que Ele dá, mas em quem Ele deu por nós. Jesus, mesmo sendo o criador, aceitou um emprego cujo salário era a morte (Rm 6.23). Ele foi até o fim. Nunca discutiu as condições da nossa salvação. Jesus não exigiu um mínimo de salvos para morrer na cruz. Nunca pediu nosso dinheiro para sermos salvos. Jamais exigiu nada de nós. Pedro disse: “Senhor, e nós que deixamos tudo... o que receberemos?” Jesus prometeu cem vezes mais aqui e, por fim, a vida eterna. Nós desejamos muito “cem vezes mais” e esquecemos a outra parte. Creio que um dia, talvez demore, mas ainda chegará o dia em que a Igreja voltará a desejar mais a vida eterna do que “cem vezes mais nesta vida”. Para Deus, eu e você somos o único tesouro pelo qual vale à pena pagar um preço. Ainda bem que Jesus não entrou em greve no dia em que Ele resolveu nos salvar.    

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