Chega setembro e começa a campanha salarial. Dos
correios, dos bancários, dos motoristas, e de qualquer um que não concorde com
seu salário. Antes da greve existe um período de negociações, mas quando estas
falham, surgem os cartazes: Estamos em greve.
Fazemos greve para
reivindicar direitos, melhorar as condições de trabalho, aumentar o salário ou
apenas para matar tempo e tomar chimarrão no meio da rua. A verdade é que, de
uma forma ou de outra, todo bom grevista quer negociar algo com o patrão. Fato
curioso é que ninguém faz greve antes de conseguir o emprego. Um funcionário público,
por exemplo, sabe quanto vai ganhar antes de fazer o concurso, pois o salário
vem expresso no edital. Depois passa na prova, entra na empresa e... Faz greve.
Greve? Isso mesmo. G-R-E-V-E.
Entendo a greve dos correios. Aceito a greve dos motoristas, e até já participei da greve dos
bancários, mas não entendo como tanta gente está em greve para com Deus.
_ É o seguinte, Senhor, eu te amei,
mas ainda sou empregado.
Eu oro quase todo dia, isto é, quando
lembro, mas continuo andando de ônibus.
Eu “pago” o dízimo quase todo mês, mas
não saio do aluguel. Até vou ao culto, mas não consigo converter essas bênçãos
em dinheiro, namoradas, carros, estatus, amigos, imóveis, etc. Dei dez pra
igreja, e onde estão os meus cem? Assim não dá! Quero um aumento! Vamos
negociar as condições da minha fé. Ir ao culto apenas para adorar a Jesus? Orar
apenas pelo prazer de falar com Deus? Não ganho nada com isso.
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