terça-feira, 25 de setembro de 2012

RÁPIDO DEMAIS

          Chovia muito naquela hora e a serra tinha curvas perigosas, mesmo assim ele acelerava. E numa curva, o carro escorregou, nessa hora ele viu que estava muito rápido. Ao lado de um precipício, sem controle da direção. Talvez fosse tarde demais, talvez não. O que aconteceu depois? Bem, antes vamos conversar um pouco.
          Eu era o motorista e admito que estava muito rápido. Não vi quando devia ir mais devagar e você tem razão ao brigar comigo. Fui imprudente? Sim. Eu sei que você dirige seu carro com calma e nunca cometeu um erro. Mas talvez você conheça alguém que respeita as leis de trânsito, mas não as divinas. As pessoas reduzem na estrada, mas nunca nas palavras. Cuidam do carro, mas não da saúde. Obedecem a sinalização, mas não a Palavra de Deus. Somos assim. Corremos de Deus e escorregamos no orgulho. Dirigimos nossas vidas e atolamos em pecados. Estamos em dia com o IPVA, mas em débito com o Senhor. Não queremos ajuda divina. Tenho um amigo que não viaja de carona porque fica enjoado. Ele precisa dirigir sempre. Quantas vezes Jesus pediu para guiar um pouco, mas nós não aceitamos. Ele sabe que estamos cansados e já se ofereceu para dirigir. Vidas corridas. Tanto dinheiro para ganhar e tão pouco tempo para viver. Agendas cheias e corações vazios.
          Deus criou tudo em seis dias. Queremos fazer o mesmo em um. Basta a cada dia o seu mal. Casamentos são destruídos por adultérios, desconfiança e dívidas. Pessoas mais apegadas a coisas que a ferrugem destrói do que às eternas. Sem arranhões no carro, mas marcas profundas em corações feridos. Reconhecemos o apito do guarda, porém desconhecemos a voz de Cristo. Marta corria de um lado para o outro, ela tinha prazos, metas e produção, já Maria soube a hora de parar para ouvir o mestre, ela tinha Jesus, e essa é a melhor parte, aquela que nunca lhe foi tirada. Famílias não reduzem o ritmo até perder os filhos para as drogas, para a prostituição e para o mundo.
          Conheci um homem que viajava com a família, quando um carro perdeu o controle numa curva e acertou sua moto. Ele quebrou um braço e perdeu a esposa, tudo isso porque alguém estava muito rápido. Quando corremos muito acabamos machucando os outros. Isso mesmo, nossas vidas corridas acabam machucando quem está a nossa volta.
          Homens de Deus andam ocupados com tantas coisas que não conseguem mais descansar em Cristo. Ganhamos o mundo, mas estamos perdendo nossas almas. Dois discípulos iam com pressa para Emaús. Se soubessem quem ia com eles, teriam ido mais devagar. Só viram que era Jesus depois dele ter ido.
Pare, ao menos por um momento, pare de correr. Veja quem está ao seu lado nesse momento. Ele dirigiu Israel no deserto. Foi com profetas e reis, sacerdotes e servos. Jesus guiou a Igreja por dois mil anos e agora pede para dirigir a sua vida.
          E, sabe de uma coisa, no final de tudo, não fará diferença quem você foi, aonde chegou ou o que fez. A única coisa que realmente importará é se Ele foi com você. Na serra, quando o carro escorregou, eu apenas fiz o que tinha que ser feito, fiz a curva com calma e deu tudo certo. Se você pensa que sua vida já era, lembre que a viagem ainda não acabou. Pra tudo há um tempo, e chegou a hora de parar, entregar a direção pra Deus e descansar. Você merece.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A PADARIA DA VIDA


Você sabia que quando o pão francês está na forma, crescendo até chegar no ponto ideal para ir ao forno, não pode ter nenhum vento, porque isso cria uma casca seca em cima dele e impede seu crescimento. Assim, esse pão não pode mais ser assado, ou, se for, será um pãozinho de baixa qualidade.
Numa noite, enquanto eu cuidava da padaria, deixei uma porta aberta e uma fornada inteira de pão criou essa casca. Eram 50 pãezinhos, perdidos, 50 pequenas obras de arte desperdiçadas por causa de um erro, de uma corrente de ar na hora errada. Eu pensei que eles seriam descartados, mas quando o padeiro de verdade chegou, me ensinou um segredo:    Nessa hora, mais vento, fogo, frio nem barulho, não servem pra nada. O único jeito de salvar os pães é borrifar um pouco de água sobre eles. Isso mesmo, uma leve nuvem úmida amolece a mais seca das massas.
Quantas vezes deixamos alguma porta aberta e nosso coração, assim como aqueles pães, fica seco. A diferença é sutil, mas suficiente para estragar tudo. Bate o vento frio da apatia no casamento, e o coração fica seco. O amor não foi embora, apenas está preso por uma casca de ciúme, uma camada de indiferença. Uma fina massa dura, capaz de estragar qualquer relacionamento. Não adianta buscar o fogo, nessa hora o coração precisa de uma leve camada de água, forte ao ponto de amolecer essa casca, mas delicada o suficiente para não estragar a massa.
Vidas machucadas, cansadas de buscar meios de amolecer corações feridos por mágoas antigas, traumas do passado que impediram o crescimento de relacionamentos saudáveis. De longe parece tudo normal, mas Deus (e nós) sabemos quando algo está errado. Na madrugada da vida, quando estamos sozinhos, podemos esquecer alguma porta aberta e o vento da depressão, da insegurança, ou do desespero endurecem nosso coração. Desanimado? Eu sei, tanto esforço até aqui e agora isso...

Pare as máquinas por um momento, desligue todos os fornos e aprenda com o Deus. Veja como Ele pega um pouco da água do Espírito, observe atento enquanto essa casca, lentamente desaparece. Você pensou que era hora de descartar a massa, jogar tudo no lixo, mas não precisa, porque Deus vai restaurar o que estava perdido. Apenas cuide para que ventos estranhos não entrem novamente. Deixe o resto com quem entende. Agora vou na padaria, o pão francês está quase pronto.